terça-feira, 25 de agosto de 2009

PROCESSO DE AVALIAÇÃO

O temo avaliação deriva da palavra valer, que vem do latim vãlêre, e refere-se a ter valor, ser válido. Conseqüentemente, um processo de avaliação tem por objetivo averiguar o "valor" de determinado indivíduo.
As práticas de avaliação do nosso sistema educacionais constam principalmente os conteúdos das áreas e disciplinas. Aprender é, sem dúvida, dominar conteúdos e também mobilizar esses saberes para o domínio de competências acadêmicas. Porém, aprender/avaliar não se restringe à dimensão cognitiva. Integra, indissociavelmente, conhecimentos, capacidades, comportamentos e atitudes, e ainda constituem objeto de avaliação as áreas curriculares não disciplinares. Para tanto usaremos o termo de "processo de avaliação" como um conjunto de instrumentos capazes de quantificar a avaliação.
A teoria curricular construída nos últimos anos à luz das abordagens construtivistas tem tornado evidente a importância da avaliação como um componente intrínseco do processo curricular. Não é possível dissociar o processo de ensinamento do processo de avaliação. A desarticulação existente entre currículo-avaliação tem sido um problema que contribui para incoerência entre o discurso e as práticas de avaliação adotadas por algumas instituições. Preconiza-se então a utilização de uma variedade de modos e instrumentos de avaliação adequados à diversidade e natureza das aprendizagens que se pretendem promover e que permita apreciar a evolução global dos alunos.

TIPOS DE AVALIAÇÕES

Existem pelo menos quatro tipos de avaliação, que combinados de uma forma harmônica e adequada para o grupo de alunos, são capazes de compor o processo de avaliação.

 A Avaliação Somativa, como próprio nome indica, tem como o objetivo representar um sumário, uma apresentação concentrada de resultados obtidos numa situação educativa. Pretende-se traduzir, de uma forma quantificada, a distância em que ficou de uma meta que se arbitrou ser importante atingir. Essa avaliação tem lugar em momentos específicos ao longo de um curso, como por exemplo, no final de um ano letivo.
 A Avaliação Formativa é a forma de avaliação em que a preocupação central reside em coletar dados para reorientação do processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de uma "bússola orientadora" do processo de ensino-aprendizagem. A avaliação formativa não deve assim exprimir-se através de uma nota, mas sim por meio de comentários.
 A Avaliação Diagnóstica tem dois objetivos básicos: identificar as competências do aluno e adequar o aluno num grupo ou nível de aprendizagem. No entanto, os dados fornecidos pela avaliação diagnóstica não devem ser tomados como um "rótulo" que se cola sempre ao aluno, mas sim como um conjunto de indicações a partir do qual o aluno possa conseguir um processo de aprendizagem.
 A Avaliação Emancipadora utiliza-se do senso de autocrítica e autodesenvolvimento do aluno, através de instrumentos como a auto-avaliação, a co-avaliação. Nesse modelo, o professor torna-se um tutor e emite suas opiniões através de relatórios do processo evolutivo do aluno.

Observa-se que na prática, as formas de avaliação que são adotadas por determinada instituição, constituem indicadores bastante seguros da filosofia que orienta o processo de ensino-aprendizagem dessa instituição. Aquelas que privilegiam práticas de avaliação somativa, são as instituições que pretendem discriminar a aquisição por parte dos alunos, daqueles objetivos necessários a atingir. Baseia-se na premissa de uma escola meritocrática, isto é, oferecendo-se a todos o mesmo ensino, logicamente sobreviverão e obterão melhores resultados aqueles que tiverem mais mérito, forem "mais dotados", mais esforçados. A responsabilidade do seu fracasso ou êxito é do próprio aluno, considerando que é missão da escola, além de ensinar, selecionar os mais aptos. Nesse modelo não se questiona a existência de currículo, metodologias ou relação pedagógica poder ser mais ou menos adequada àquele determinado aluno. Se a escola, instituição ou professores admitem a possibilidade de que lhes cabe uma quota de responsabilidade nos resultados obtidos pelos alunos, então o modo como se orienta o processo educativo e a avaliação adquire outros significados. Dessa forma, se recorre à avaliação formativa com o intuito de fornecer ao professor e ao aluno pistas para melhorar a atuação de qualquer um deles. Ainda, utiliza-se escala de graduação menos ampla, menos discriminatória, como por exemplo, por conceitos, e incentivam os professores para contribuir com o sucesso de todos os alunos e o desenvolvimento de suas possíveis competências.

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Existem diversos recursos disponíveis para agregar o processo de avaliação. Idealmente, esse processo deve ser composto por mais de um desses instrumentos. Dentre os instrumentos disponíveis, salienta-se os seguintes:

 Pré-teste;
 Auto-avaliação;
 Observação;
 Relatório;
 Prova;
 Questionário;
 Acompanhamento;
 Discussão em grupo;
 Avaliação pelo tutor;
 Estudos de caso
 Fichas de avaliação de problemas (trabalhar com modelos de fichas de avaliação), etc.
A utilização dos instrumentos deve ser adequada ao contexto em que o professor se encontra. Por exemplo, aulas com muitos alunos inviabilizam a avaliação por observação ou acompanhamento, enquanto que disciplinas práticas possibilitam esses instrumentos de avaliação.

A VERDADEIRA FINALIDADE DA AVALIAÇÃO

Conhecer melhor o aluno: suas competências curriculares, seu estilo de aprendizagem, seus interesses, suas técnicas de trabalho. A isso poderíamos chamar de avaliação inicial.

Constatar o que está sendo aprendido: o professor vai recolhendo informações, de forma contínua e com diversos procedimentos metodológicos e julgando o grau de aprendizagem, ora em relação à todo grupo-classe, ora em relação a um determinado aluno em particular.

Adequar o processo de ensino aos alunos como grupo e àqueles que apresentam dificuldades, tendo em vista os objetivos propostos.

Julgar globalmente um processo de ensino-aprendizagem: ao término de uma determinada unidade, por exemplo, se faz uma análise e reflexão sobre o sucesso alcançado em função dos objetivos previstos e revê-los de acordo com os resultados apresentados.

CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO

A avaliação deve ser contínua e integrada ao fazer diário do professor: o que nos coloca que ela deve ser realizada sempre que possível em situações normais, evitando a exclusividade da rotina artificial das situações de provas, na qual o aluno é medido somente naquela situação específica, abandonando-se tudo aquilo que foi realizado em sala de aula antes da prova. A observação, registrada, é de grande ajuda para o professor na realização de um processo de avaliação contínua.

A avaliação será global: quando se realiza tendo em vista as várias áreas de capacidades do aluno: cognitiva, motora, de relações interpessoais, de atuação etc.e, a situação do aluno nos variados componentes do currículo escolar.

A avaliação será formativa: se concebida como um meio pedagógico para ajudar o aluno em seu processo educativo.

CONSEQÜÊNCIAS DA AVALIAÇÃO BEM DIRECIONADA

A avaliação não começa nem termina na sala de aula. A avaliação do processo pedagógico envolve o Planejamento e o Desenvolvimento do processo de ensino. Neste contexto é necessário que a avaliação cubra desde o Projeto Curricular e a Programação, do ensino em sala de aula e de seus resultados (a aprendizagem produzida nos alunos).
Tradicionalmente, o que observamos é o processo de avaliação reduzir-se ao terceiro elemento: a aprendizagem produzida nos alunos. No contexto de um processo de avaliação formativa isto não tem nenhum sentido. A informação sobre os resultados obtidos com os alunos deve necessariamente levar a um replanejamento dos objetivos e conteúdos, das atividades didáticas, dos materiais utilizados e das variáveis envolvidas em sala de aula: relacionamento professor-aluno, relacionamento entre alunos e entre esses e o professor.
Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades de ação- reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve propiciar ao aluno em seu processo de aprendência, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas.

Se avaliar é sinônimo de melhorar, esta melhoria se refere ao aluno, ao currículo, ao professor e, em definitivo...à ESCOLA.

REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA AVALIATIVA

Há um quase consenso entre os educadores, formados nas mais diversas escolas de pensamento, contrário ao modelo tradicional de avaliação, que seja a avaliação por notas e ou por provas. A avaliação é um aspecto da prática fundamental no processo ensino-aprendizagem, tanto no que tange aos professores quanto para os alunos e seus pais, uma vez que está ela intrinsecamente relacionada à destinação da proposta político-pedagógica. Para o professor, a avaliação representa um papel fundamental, visto que é por intermédio da análise reflexiva dos avanços e dificuldades dos alunos que poderão rever e redefinir sua prática pedagógica, tanto no aspecto do alinhavo de novas intervenções como na proposição de atividades e metodologias mais adequadas ao desenvolvimento dos alunos.
Toda e qualquer produção por parte dos alunos passa a ser significativa, uma vez que reflete um determinado estágio de desenvolvimento dos conhecimentos, desde que haja entendimento por parte do professor de como o aluno elaborou determinadas respostas ou soluções, para definir então, quais intervenções e atividades coletivas e ou individuais deverão ser realizadas visando dar continuidade ao processo de desenvolvimento. Os problemas da prática mais comum, portanto, poderão levantar questões de estudo para a formação do professor.
Para o aluno, a avaliação destaca-se como um componente do seu processo de escolarização porque define a permanência e continuidade de seu desenvolvimento na escola. É através da avaliação que o aluno terá a possibilidade de conhecer seu desempenho e compreender seu processo de aprendizagem e formação, pois, quando passa ele a ter consciência de seu processo, desenvolve-se intelectual, social e afetivamente. Quanto aos pais, a avaliação escolar significa um importante instrumento ou mecanismo de compreensão dos processos aqueles vividos por seus filhos, e pode, com efeito, informar-lhes do por quê e como ajudá-los tanto dentro como fora do âmbito escolar.
Embora exista uma gama variada de possibilidades e formas de avaliação possíveis, os professores e escolas ainda assim parecem estar acorrentados ao modelo tradicional. O imperativo, considerando ainda, por extensão, que parte talvez até mesmo de nosso modelo social vigente, é o da busca a qualquer preço pela pontuação ou nota necessárias a servir de chave de passagem para o próximo ano letivo, deixando o mais importante, o ensino em si, o ensinamento profundo ou o aprendizado verdadeiro, relegados a um constrangedor segundo plano. Nessa linha de pensamento, nos diz Fleuri (apud Vasconcellos 1994, p.42):
Para que serve a nota na escola? Óbvio responderão muitos – a nota serve para indicar o quanto o aluno aprendeu! Desta forma, promoverá aqueles que estiverem preparados para exercer sua profissão e reterá os que não estiverem aptos. (...) Esta obviedade, porém, é contestada diariamente pela prática escolar em que os alunos aprovados demonstram, a seguir, que não aprenderam o que sua nota faz pressupor.
Mas avaliação e nota não são de forma alguma a mesma coisa. Isso é algo primário, conceitual, embora muitos, inclusive professores, pareçam não atentar para o fato. A avaliação não pode andar dissociada da reflexão e do entendimento de si com relação às possibilidades advindas desse refletir. Na avaliação devemos atuar com o senso crítico ligado, de forma a proferir um conceito verdadeiro em cima do fato, da prática. A questão básica sobre a avaliação, seja talvez o fato de ela estar demasiadamente arraigada nos mais variados níveis ou mecanismos presentes no sistema. É necessário pensar uma outra lógica de avaliação, a qual passaria a considerar como eixo o processo (compreensão dos aspectos envolvidos na aprendizagem e desenvolvimento humano) e re-significar o produto (valorização e qualificação dos resultados). A avaliação está absorvida pelas engrenagens e pelos indivíduos que compõem esse sistema, tornando tragicamente dificultosa qualquer tentativa que se pretenda, de transformar o modelo seja em que aspecto for. Nesse sentido, sobre a avaliação, conceitua Vasconcellos (idem):
Há que se distinguir, inicialmente, 'Avaliação e Nota'. Avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos. A nota, seja na forma de número, conceito ou menção, é uma exigência formal do sistema educacional. Podemos imaginar um dia em que não haja mais nota na escola – ou qualquer tipo de reprovação - , mas certamente haverá necessidade de continuar existindo avaliação, para poder se acompanhar o desenvolvimento dos educandos e ajudá-los em suas eventuais dificuldades.
Grande parte dos alunos, confrontados com situações avaliativas, especialmente frente às atividades escritas, podem ser influenciados pelas atitudes apresentadas pelo professor. Muitas vezes chegam para o professor, já com toda sorte de traumas e medos, pelas mais diversas situações familiares e ou de experiências negativas absorvidas em anos anteriores. Ainda assim, deve o professor tentar fazer com que o aluno supere seus medos e enfrente as situações surgidas com plena confiança.
É absolutamente necessário que se consiga verificar a extensão das capacidades aprendidas, de modo que se possa dar uma confirmação àquilo que realmente aprendeu o estudante. Nos processos de avaliação não se pode de forma alguma depositar uma confiança plena, no entanto, como medir a proporção em que cada indivíduo conseguiu atingir o objetivo estabelecido no planejamento inicial, levando-se em conta a própria atuação desse indivíduo e não sua posição com relação ao grupo? A resposta não é assim tão fácil, ou melhor, a efetiva aplicação dos métodos que se possa sugerir como solução possível não são de fácil aplicação, não por sua própria complexidade, mas em função de como vem sendo feito desde há muito. Trata-se de quebrar, primeiro, para depois poder tratar de construir, isto é, é preciso romper com os modelos ou padrões antigos de avaliação, para só então conseguir, com efeito, implantar um método novo e mais eficiente, capaz de demonstrar com eficácia o rendimento do aluno.
No conceito emitido por Sant'anna (1995, p. 7),
A avaliação escolar é o termômetro que permite avaliar o estado em que se encontram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem um papel altamente significativo na educação, tanto que nos arriscamos a dizer que a avaliação é alma do processo educacional. (...) O que queremos é sugerir meios e modos de tornar a avaliação mais justa, mais digna e humana.
Para ela, a idéia de prova está, sem dúvida, presente, mas acredita que isso não chegue a ser um mal, na medida em que seja percebida como um estímulo para o progresso ou ainda, um indicador de que, não tendo acontecido a aprendizagem, deve-se tratar de utilizar novas estratégias. Nesse mesmo sentido, Hoffman (1998, p.112) nos diz que o erro não é um pecado, quando coloca que os erros possíveis das crianças não estejam limitados a uma esfera apenas, mas que podem ser de natureza diversa. Seria então preciso, por parte do professor, uma reflexão teórica sobre cada uma das respostas específicas do aluno e não considerar simplesmente que se deva dizer a resposta certa para ele ou ainda, considerar que todo e qualquer erro que o aluno cometa tenha o caráter construtivo e que possa ele descobrir as respostas certas por si mesmo. Isso está diretamente ligado à aplicação da prova e, conseqüentemente, à avaliação que se faça das respostas dadas pelo aluno. Com efeito, se há uma relação de subjetividade dentro do contexto do que se pretende objetivo, a medida utilizada como pontuação avaliativa ou nota, é no mínimo uma questão discutível do ponto de vista do atingimento ou não de seu real fundamento.
Não poderiam então, os registros de acompanhamento da evolução dos alunos, comporem-se senão ao longo do processo, ou conforme o conceito dado por Hoffman (idem, p. 118),
(...) Inútil tentar descrever o que não se viu, o que não foi trabalhado e nem motivo de reflexão. Assim, se o professor fizer apenas o registro das notas dos alunos nos trabalhos, ele não saberá descrever, após um tempo, quais foram as dificuldades que cada aluno apresentou, o que ele fez para auxiliá-lo a compreender aquele aspecto. Da mesma forma, o professor que só faz anotações dos alunos em termos de sua conduta, não poderá descrever outros aspectos do seu desenvolvimento. Registros significativos são construídos pelo professor ao longo do processo. Sua forma final é apenas uma síntese do que vem ocorrendo, uma representação do vivido.
O contexto avaliativo é, sem dúvida uma construção coletiva, na medida em que depende do encontro ou não de uma série de fatores, situações ou objetivos. Caracterizar a culpa do modelo sobre uma ou outra corrente de ação é minimizar a questão a um nível que pode individualizar sem considerar as relações existentes com o meio de formação escolar e social as possíveis soluções, enquanto busca-se o oposto, ou seja, uma fórmula de avaliação que contemple a participação ativa de todos os implicados, conforme o que nos diz Hoffmann (1998, p.9) Uma ação mediadora não promove o diálogo a relação no trabalho pedagógico, ela é um processo interativo, dialógico, existente enquanto relação, enquanto confluência de idéias e vivências.
Em termos de novidade quanto a avaliação, a nova LDB (Lei 9394/96) exige aos sistemas de ensino, sejam públicos ou particulares, que efetivem um processo avaliativo contínuo e qualitativo, mediador, em escolas e universidades. O que havia de fato, até o presente, era uma falta de acompanhamento do processo de aprendizagem dos alunos e muito menos com o sentido de prevenir as dificuldades surgidas, observando-os, refletindo sobre a natureza de suas manifestações, replanejando e tomando decisões de caráter puramente pedagógico, tendo-se por base os resultados dos testes e tarefas realizadas. Como conseqüência, a LDB vêm tornar obrigatoriedade aquilo que deveria ter sido buscado como meta, já há tempo, tão somente pela sensibilidade dos envolvidos no processo escolar como um todo ou pelas exigências e pressões inerentes a esse processo ou modelo escolar.
Com efeito, a prática instalada por tantos anos, de avaliação por notas somente, dificilmente irá modificar-se por força exclusiva de uma lei. É preciso que se possa mudar inclusive alguns conceitos ou padrões correlatos, passando pela melhor formação profissional do educador e, mesmo para aqueles conceitos produzidos ou fomentados a nível social. Nesse sentido, Hoffmann (idem, p.36), nos diz: A prática avaliativa não irá mudar em nossas escolas em decorrência de leis, resoluções, decretos ou regimentos escolares, mas à partir do compromisso dos educadores com a realidade social que enfrentamos.
Se pretendemos realmente aplicar qualquer modelo diferenciado ao padrão vigente, ou mesmo modernizar o modelo tradicional, que seja, é imprescindível que possa o professor acompanhar com passos próximos tal movimento. Toda a mudança que se pretenda passa, com efeito, pela melhor qualificação desse profissional, assim como seu aprofundamento desde a transmissão dos conhecimentos, até aquela mudança estrutural, de aplicação e conduta, de compreensão do que busca o aluno e da própria feitura do modelo avaliativo.
Principalmente o professor, por ser a peça chave do modelo de ensino, mas não só ele, deve correr em busca dessa mudança, dessa nova postura. Todo o corpo diretivo precisa tomar o rumo de um direcionamento mais profundo e objetivo, de forma a que todas as engrenagens ponham-se em movimento, a fazer andar a grande máquina do ensino escolar.
O educador precisa dar-se conta de que é e está seriamente comprometido com o juízo de valor emitido sobre o educando. Seu olhar estreita-se perigosamente ao considerar o processo avaliativo como uma ação objetiva e imparcial, puramente constatativa sobre o fazer do aluno. Como uma coleta de dados observável na avaliação, deve-se levar em conta a relação entre o avaliador e o avaliado.
No dizer de Firme (1998, p.47), a escola pode ser comparada a um time de futebol,onde há o juiz e os jogadores.Mesmo os jogadores sendo de bom nível, sendo craques, dependem da interpretação alcançada pelo juiz sobre suas jogadas, assim como estão sujeitos os alunos a diferentes critérios de avaliação por parte do professor. Não há dúvida de que o estado emocional tanto do aluno como do professor, da clareza de como é redigida cada questão, e da forma de análise dos resultados obtidos, bem como a falta de qualificação do mestre em construir itens de acordo com os níveis mentais trabalhados e comprovar se o conteúdo da prova está de pleno acordo com os objetivos a serem alcançados, são os motivos mais marcantes que podem levar ao fracasso escolar.
A avaliação precisa obedecer um modelo também sistemático, embora diferente daquele modelo tradicional até hoje aplicado. Isso, por considerarmos como sistemático o acompanhamento permanente que se faça, exatamente sobre o comportamento geral do aluno, desde o aprendizado que consiga ele captar, até aquela avaliação particularizada, de sua construção humana e das relações interpessoais que seja ele capaz de estabelecer com o meio.
Com bastante propriedade, cita Melchior (1998, p. 43),
A avaliação é um instrumento que serve para o professor ajustar sua atuação no processo de ensino e aprendizagem, reforçando os conteúdos que ainda não são de domínio dos alunos e realizando as adaptações curriculares necessárias. Através dos processos avaliativos o professor tem a oportunidade de conhecer como se realiza a aprendizagem.
Além dos instrumentos normais de avaliação, é básico que o professor tenha ou que desenvolva uma certa sensibilidade ou habilidade de, com empatia, captar o que dele se exige, ou seja, o que deve dar de si mesmo ou da transmissão dos conhecimentos que detenha, no tocante às carências apresentadas pelos alunos.
A atuação do educador precisa ser cada vez mais mergulhada em uma visão e conseqüente atuação em modelos psicológicos profundos, isto é, cada vez mais precisará ele atuar com a apropriação dos conhecimentos relativos ao trato com indivíduos das mais variadas visões e ensinamentos familiares diferenciados, conduzindo-os não a um igualamento de compreensões e construções, mas de conseguir o desenvolvimento intelectual e humano de cada um, individualmente, embora inseridos no contexto da classe e da sociedade que lhe é berço.

É realmente necessário avaliar?

A necessidade de avaliar sempre se fará presente, não importando a norma ou padrão pela qual baseie-se o modelo educacional. Não há como fugir da necessidade de avaliação de conhecimentos, muito embora se possa, com efeito torná-la eficaz naquilo que se propõe, a melhora de todo o processo educativo.
Para tanto, para que se consiga alçar qualitativamente o ensino como um todo, faz-se necessário passar por mudanças estruturais, visto que esse aprendizado melhor que se espera aconteça, possa florescer e fortificar-se, bem como construa ou beneficie a formação de cidadãos melhores e mais bem preparados na sua capacidade crítica e, por extensão, de autonomia crescente.
Não é bastante que o professor construa seu modelo de atuação somente em cima de conceitos, tanto para si como para a transmissão de conhecimentos que dele se espera, mas têm que dar as condições necessárias ao aluno de que ele, aluno, possa ser avaliado pelo mesmo modelo a ele apresentado. Nessa ótica, o texto de Vasconcellos (1994, p. 46) nos diz:
(...) O conhecimento não tem sentido em si mesmo: deve ajudar a compreender o mundo, e a nele intervir. Assim sendo, compreendemos que a principal finalidade da avaliação no processo escolar é ajudar a garantir a construção do conhecimento, a aprendizagem por parte dos alunos.

A avaliação diagnóstica

Ao professor cabe colher dados sobre os alunos que venham a compor o seu grupo de sala de aula, tanto antes de estar ela formada, quanto após o início e durante todo o desenvolvimento do ano letivo, para que possa ele tomar medidas e aperfeiçoar seus métodos, a fim de, com propriedade, conseguir instalar os padrões necessários ao bom desempenho escolar, em cima das necessidades ou possibilidades apontadas pelos levantamentos que consiga captar. O preenchimento das lacunas surgidas no aprendizado se fará assim, como uma construção coletiva, uma interação surgida da troca estabelecida na relação professor-aluno e vice-versa, considerando ainda toda a gama de informações que tragam de seu meio social particular.
A avaliação não pode ser de cunho decorativo ou uma máscara apenas, voltada a complementação de nota. Os resultados da avaliação devem ser a chave para a tomada de decisões sobre o que deve ser reforçado ou retocado, ou seja, um diagnóstico que leve à análise da realidade, de onde se possa captar os subsídios a tomar as decisões no sentido de superar os problemas constatados. A avaliação deve servir, antes de mais nada, como uma possibilidade de reflexão, senão permanente, ao menos sobre as deficiências surgidas. Mais ainda, não deve estar presa a argumentos ou padrões, ao contrário, deve ser encarada como uma escala para justamente formar ou fundamentar tais padrões, sejam eles de conduta ou diretamente ligados à aprendizagem.
A avaliação escolar é sem dúvida alguma de suma importância, uma vez que, é potencialmente o instrumento a ser usado na construção ou no pleno desenvolvimento do modelo de atuação escolar. Se conduzida com caráter reflexivo e, na medida em que sirva de termômetro a identificar as carências apresentadas pelos alunos, no decorrer do período letivo, serve como balizador, para que possa o professor, tomar certas decisões ou executar modificações e reforços que favoreçam o desenvolvimento necessário ao alcance pleno dos objetivos planejados.
É preciso um rompimento com o modelo tradicional de avaliação, que fuja da aplicação de provas como medidor de conhecimentos e ainda, que se instale um novo modelo, onde o aluno seja acompanhado e estimulado constantemente, podendo assim ser avaliado, também constantemente, em função da construção em si dos conhecimentos que tenha sido capaz de auferir e processar. O que deve ser modificado, antes de qualquer outra questão, é a verdadeira função da avaliação no contexto escolar. Enquanto for realizada com a intenção única de atribuir nota ao aluno, não contribui para um maior desenvolvimento dos envolvidos em sua confecção, mas ao contrário até, pode ser um dos fatores geradores de um maior índice, tanto de evasão como de reprovação escolar.
É fundamental que se tenha uma visão sobre o aluno como um ser social e político, capaz de atos e fatos, dotado de, e em conformidade com o senso crítico, sujeito de seu próprio desenvolvimento.
Somente uma avaliação levada a termo de forma adequada, é capaz de favorecer o desenvolvimento crítico pleno ou a construção perfeita da autonomia.

Questionário
1) qual a origem do termo avaliação?
2) À luz das abordagens construtivistas, por que a avaliação é importante?
3) Quais os tipos de avaliação?
4) O que significa escola meritocrática e como é vista nos dias atuais?
5) Dê sua opinião sobre cada um dos instrumentos de avaliação, vantagens e desvantagens.
6) Qual a verdadeira finalidade da avaliação?
7) A avaliação tem características. Fale sobre cada uma delas.
8) Quais as vantagens de uma avaliação bem direcionada?
9) Leia o texto: reflexão sobre a prática avaliativa e disserte acerca deles.
10) Descreva formas pelas quais você já foi avaliada durante sua vida escolar e como se sentiu diante de cada uma delas.

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