sexta-feira, 25 de setembro de 2009

BEHAVIORISMO

BEHAVIORISMO
O estudo do comportamento

O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano Jonh B. Watson, em artigo publicado em 1913, que representava o título “Psicologia: como os behavioristas a vêem”. O termo inglês behavior significa “comportamento”, por isso, para denominarmos essa tendência teórica, usamos behaviorismo e também, Comportamento, Teoria comportamental, Análise experimental do Comportamento e Análise do Comportamento.

Watson, postulando o comportamento como objeto da psicologia, dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando - um objeto mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. Essas características foram importantes para que a Psicologia alcançasse o status da ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica. Ele também defendia uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio. Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas e isto ocorre porque os organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de equipamentos hereditários e pela formação de hábitos. Watson buscava uma psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos, e que tivesse a capacidade de prever e controlar.
Apesar de colocar o “comportamento” como objeto da Psicologia, o Behaviorismo foi, desde Watson, modificando o sentido desse termo. Hoje, não se entende comportamento como uma ação isolada de um sujeito, mas sim, como uma interação entre aquilo que o sujeito faz e o meio ambiente onde o seu “fazer acontece”.

...O Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações).

Os psicólogos desta abordagem chegaram aos termos “resposta” e “estímulo” para se referirem àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais que interagem com o sujeito. Para explicar a adoção desses termos, duas razões podem ser apontadas:
A razão metodológica deve-se ao fato de que os analistas experimentais do comportamento tomaram como modo preferencial de investigação, um método experimental e analítico.
Com isso, os experimentadores sentiram a necessidade de dividir o objeto para efeito de investigação, chegando a unidades de análise.

A razão histórica refere-se aos termos escolhidos e popularizados, que foram mantidos posteriormente por outros estudiosos do comportamento, devido ao seu uso generalizado.
Comportamento entendido como interação indivíduo-ambiente, é a unidade básica de descrição e o ponto de partida para uma ciência do comportamento. O homem começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomado como produto e produtor dessas interações.

A ANÁLISE
EXPERIMETAL DO COMPORTAMENTO
O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B. F.Skinner (1904-1990).
O Behaviorismo de Skinner tem influenciado muitos psicólogos americanos e de vários países onde a Psicologia americana tem grande penetração, como o Brasil. Esta linha de estudo ficou conhecida por Behaviorismo radical, pelo próprio Skinner em 1945, para designar uma filosofia da Ciência do comportamento ( que ele se propôs defender) por meio da análise experimental do comportamento.
A base da corrente Skinneriana está na formulação do comportamento operante. Para desenvolver este conceito, retrocederemos um pouco na história do Behaviorismo, introduzindo as noções de comportamento reflexo ou respondente, para então chegarmos ao comportamento operante.

O Comportamento respondente
O comportamento reflexo respondente é o que usualmente chamamos de “não - voluntários” e inclue as respostas que são elicitadas (produzidas) por estímulos antecedentes do ambiente.
Ex.
- A contração das pupilas quando uma luz forte incide sobre os olhos.
- As famosas lágrimas de cebola.
- O arrepio da pele quando um ar frio nos atinge.
Esses comportamentos reflexos ou respondentes são interações estímulo – resposta (ambiente-sujeito) incondicionada, nas quais certos eventos ambientais confiavelmente eliciam certas respostas do organismo independente de “aprendizagem”.
Quando tais estímulos são temporalmente pareados com estímulos eliciadores podem, em certas condições, elicitar respostas semelhantes às destes. A essas novas interações chamamos também de reflexos, que agora são condicionados devido a um a história de pareamento, o qual levou o organismo a responder a estímulos que antes não respondia.
Ex.
- Suponha que, numa sala aquecida, sua mão direita seja mergulhada numa vasilha de água gelada. A temperatura da mão cairá rapidamente devido ao encolhimento ou constrição dos vãos sanguíneos, caracterizando o comportamento como respondente. Suponha, agora que a sua mão direita seja mergulhada na água gelada certo número de vezes, em intervalos de três a quatro minutos, e que você ouça uma campainha pouco antes de cada imersão. Lá pelo vigésimo pareamento do som da campainha com a água fria, a mudança de temperatura nas mãos poderá ser eliciada apenas pelo som, isto é, sem necessidade de imergir uma das mãos.
Neste exemplo de comportamento respondente, a queda da temperatura da mão, eliciada pela água fria, é uma resposta incondicionada, enquanto a queda da temperatura, eliciada pelo som, é uma resposta condicionada(aprendida): a água é um estimulo incondicionado, e o som, um estímulo condicionado.
No início dos anos 30, na Universidade de Harvard (Estados Unidos), Skinner começou o estudo do comportamento justamente pelo comportamento respondente, sendo fundamento para a descrição das interações indivíduo-ambiente. O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teorizar sobre um outro tipo de relação do indivíduo com seu ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise de sua ciência: o comportamento operante.

O comportamento operante
O comportamento operante abrange um leque amplo de atividade humana.
“Inclue todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer indiretamente”.
Exemplos de comportamento operante:
- Esta leitura que estamos fazendo.
- Chamar um táxi.
- Escrever uma carta.
- Tocar um instrumento
- R > S, em que R é a resposta (pressionar a barra) e S tendo como estímulo reforçador (a água), que tanto interessa ao organismo.
O estímulo reforçador é chamado de reforço.
O que propicia a aprendizagem dos componentes é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela resultante - a satisfação de alguma necessidade...
O comportamento operante refere-se à interação sujeito-ambiente. Nessa interação, chama-se de relação fundamental à relação entre a ação indivíduo (a emissão de resposta) e as conseqüências. É considerada fundamental porque o organismo se comporta (emitindo esta ou aquela resposta), sua ação produz uma alteração ambiental (uma consequência) que, por sua vez, retroage sobre o sujeito, alterando a probabilidade futura de ocorrência. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em função das conseqüências criadas pela nossa ação. As conseqüências da resposta são as variáveis de controle mais relevantes.

Reforçamento
Chamamos de reforço a toda conseqüência que, em seguindo uma resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência desta resposta.
O reforço pode ser positivo ou negativo.
O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o produz.
O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade de futura resposta que o remove ou atenua.
Alguns eventos tendem a ser reforçadores para toda a espécie, como: água, alimento, afeto. São denominados reforços primários. Os reforços secundários, ao contrário, são aqueles que adquiram a função quando pareados temporalmente com os primários. Alguns destes reforçadores secundários quando emparelhados com muitos outros tornam-se reforçadores generalizados, como o dinheiro, e a aprovação social.
No reforçamento negativo a esquiva é um processo pelo qual os estímulos aversivos condicionados e incondicionados estão separados por um intervalo de tempo apreciável, permitindo que o indivíduo execute um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a magnitude do segundo estímulo.
Ex.sabe que o raio (primeiro estímulo), precede a trovoada (segundo estímulo); que o chiado precede ou aos estouros dos rojões; que o som do motorzinho do dentista precede à dor de dente. Estes estímulos são aversivos, mas os primeiros nos possibilitam Evitar ou reduzir a magnitude dos seguintes, ou seja, tapamos os ouvidos para evitar o estouro dos trovões, ou desviarmos aboca para o dentista.

Outro processo semelhante é o de fuga. Neste caso, o comportamento reforçado é aquele que termina com um estímulo aversivo já em andamento.
A diferença é sutil. Se colocar as mãos nos ouvidos para não escutar o estrondo do rojão, este comportamento é de esquiva, pois está se evitando o segundo estímulo antes que ele aconteça. Mas, se os rojões começam a pipocar e só depois apresento um comportamento para evitar o barulho que incomoda , seja fechando a porta, seja indo embora ou mesmo tapando os ouvidos, pode-se falar em fuga.


Extinção
É outro processo que foi formulado pela Análise Experimental do comportamento.
A extinção é um procedimento no qual uma resposta
Deixa abruptamente de ser reforçada. Como conseqüência, a resposta diminuirá de freqüência e até mesmo poderá deixar de ser emitida.
Ex.
Um rapaz paquerando uma menina, a qual passa a ignorá-lo. As tentativas de conquistas tenderão a desaparecer.

Punição
A punição é outro procedimento importante que envolve a consequênciação de uma resposta quando há apresentação de um estímulo aversivo ou remoção de um reforçador positivo presente.
Punir ações leva à supressão temporária da resposta sem, contudo, alterar a motivação.
Ex. O trânsito é um excelente exemplo. Apesar das punições aplicadas a motoristas e pedestres na maior parte das infrações cometidas no trânsito, tais punições não os tem motivado a adotar um comportamento considerado adequado para o trânsito.


Controle de Estímulos
Tem sido polêmica a discussão sobre a natureza ou a extensão de controle que o ambiente exerce sobre nós, mas não há como negar que há algum controle. Assumir a existência desse controle e estudá-la permite maior entendimento dos meios pelos quais os estímulos agem.
Assim quando a freqüência ou a forma da resposta é diferente sob estímulos diferentes, diz-se que o comportamento está sob o controle de estímulos.
Ex.
Se o motorista pára ou acelera o ônibus no cruzamento de ruas onde há semáforo que ora está verde, ora vermelho, sabemos que o comportamento de dirigir está sob o controle de estímulos.

Discriminação de estímulos: quando uma resposta se mantém na presença de um estímulo, mas sofre grau de extinção na presença do outro. Isto é um estímulo adquire a possibilidade de ser conhecido como discriminativo da situação reforçadora.
Ex.
Existem normas e regras de condutas nas festas, como cumprimentar, ser gentil, procurar manter diálogo com as pessoas, etc. No entanto, as festas podem ser diferentes: informais ou pomposas, dependendo de como são. Somos capazes de discriminar esses estímulos e de nos comportarmos de maneira diferente em cada situação.
Generalização: um estímulo adquire controle sobre uma resposta devido ao reforço na presença de um estímulo similar, mas diferente.
Esse princípio de generalização é fundamental quando pensamos na aprendizagem escolar. Nós aprendemos na escola alguns conceitos básicos, como fazer contas e escrever. Graças a generalização, podemos transferir esses aprendizados para diferentes situações, como dar ou receber troco, escrever uma carta, aplicar conceitos de física para consertar aparelhos de eletro doméstico, etc.
Na vida cotidiana, também aprendemos a nos comportar em diferentes situações sociais.

Behaviorismo e sua aplicação
Uma área de aplicação dos conceitos apresentados tem sido a educação. São conhecidos os métodos de ensino programado, o controle e a organização das situações de aprendizagem, bem como a elaboração de uma tecnologia de ensino. Outras áreas também têm recebido a contribuição das técnicas e conceitos desenvolvidos pelo Behaviorismo, como a de treinamento de empresas, a clínica psicológica, o trabalho educativo de crianças especiais, a publicidade e outras mais. No Brasil, talvez a área clínica seja, hoje, a que mais utiliza os conhecimentos do Behaviorismo.
A Análise experimental do Comportamento pode nos auxiliar a descrever nossos comportamentos em qualquer situação, ajudando-nos a modificá-los.

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